Hexagrama: tudo sobre este símbolo na magia e bruxaria
domingo, dezembro 07, 2025O hexagrama ficou muito famoso nesses últimos tempos por causa do conflito entre Israel e a Faixa de Gaza, em um simbolismo digamos... marjoritariamente "negativo", pois Israel tem como sua bandeira a estrela de 6 pontas e toda vez que o vemos, está em notícias não muito agradáveis.
Além disso, muitos evangélicos extremistas aqui no Brasil tem aderido a esse simbolismo usando a bandeira de Israel (o que não faz o menor sentido, mas isso é conversa para outros temas de post), então ele voltou a se destacar e ser muito utilizado. Agora, o que significa de fato a tal "Estrela de Davi"? Vamos destrinchar!
A origem histórica
Como figura geométrica (estrela de seis pontas) aparece desde a antiguidade como motivo decorativo em várias culturas, mas só se tornou-se um símbolo judaico reconhecível mesmo apenas na Idade Média/tardia (difusão moderna no século XIX e como símbolo sionista no fim do século XIX). |
| Fonte: História Islâmica com Mansur Peixoto |
O hexagrama aparece em muitos contextos artísticos e decorativos do mundo antigo: do Oriente Próximo até a Índia e a Europa. Há achados arqueológicos muito antigos com hexagramas (por exemplo, peças decorativas no Cáucaso / Armênia e motivos em templos/padrões indianos)!
Em paralelo, o hexagrama ou “selo de Salomão” ou até mesmo "Estrela de Davi" entrou na tradição mágica medieval (islâmica e depois europeia), sendo usado como talismã / símbolo de poder esotérico. Muitos autores apontam influência árabe/islâmica para a popularização do selo como hexagrama na Kabbalah medieval.
Linha do Tempo para ficar mais claro:
- 3000–1000 a.C: Origem como motivo geométrico e decorativo no Oriente Médio, Índia e Europa
- 1000-700 a.C.: hexagramas em contextos simbólicos hindus (shatkona) na Índia
- 600–900 d.C.: Surge como símbolo mágico (Selo de Salomão) no Islã
- 1200–1400: Entra no esoterismo judaico (amuletos, cabala prática)
- 1354: Primeiro uso comunitário judaico documentado
- 1800–1900: Torna-se símbolo identitário judaico
- 1948: Torna-se símbolo nacional de Israel (pós Segunda Guerra)
- 1900–hoje: Usos esotéricos, new age, alquímicos persistem + símbolo político
Resumindo: sua origem é confusa, mas temos uma noção que ela deve ter surgido em alguma região do Oriente Médio e parte da Ásia. Desde a antiguidade, vem sendo associada aos islãmicos e, logo após, pelos judeus a popularização de uso esotérico deste símbolo.
O ínicio de sua importância
De acordo com as minhas pesquisas, a primeira vez que este símbolo foi usado como um motivo supostamente esotérico foi na Índia, dentro do hinduísmo, mas foi o Selo de Salomão foi o que primordialmente trouxe popularidade de símbolo esotérico para o Hexagrama, pois a tradição de um “anel” ou “selo” de Salomão que dá poder sobre espíritos já aparece em textos árabes antigos.
O chamado 'Selo de Sulaymān' aparece como hexagrama em talismãs, diagramas e textos mágicos.
Amuletos islâmicos encontrados no Oriente Médio e Norte da África (séculos VIII–X) já mostram hexagramas usados para proteção contra espíritos/djinns. Interessante, não?
Gershom Scholem (principal historiador da Cabala) entende que foi via essa tradição mágica árabe/islâmica que o hexagrama ganhou usos esotéricos entre cabalistas medievais ibéricos mais tarde na Idade Média.
O Hexagrama na Cabala e judaísmo
Por volta do século XIII, o judaísmo medieval não reconhece ainda o hexagrama como símbolo religioso, mas sim como símbolo mágico, adotado a partir da cultura islâmica.Os manuscritos hebraicos de magia prática (Cabala prática) da Península Ibérica aparecem com hexagramas desenhados ao lado de nomes divinos (Shemot), usados para cura, proteção, afastamento de espíritos e invocação de forças celestes.
Foi por meio da Golden Dawn que criaram o ritual do hexagrama, as atribuições planetárias associadas pela Árvore da Vida. Logo mais irei explicar um pouco sobre o Ritual Menor do Hexagrama e o Ritual Maior do Hexagrama!
Entre os séculos XIII-XIV, passa a ser usado em sinagogas como ornamento/elemento estético, ao lado de pentagramas.
Somente no século XVII o hexagrama passa a ser visto como o símbolo comunitário da identidade judaica e com o nome "Estrela de Davi", aparecendo em bandeiras, manuscritos e objetos rituais.
No século XIX, ela passou a representar os sionistas e passou a se tornar oficialmente o símbolo do judaísmo, semelhante ao símbolo da cruz para os cristãos. Ao mesmo tempo, os ocultistas também aderiram ao hexagrama
Agora, como símbolo oficial do judaísmo, foi usada em 1948 pós segunda guerra mundial, como uma forma simbólica de representar o território que hoje chamamos Israel.
Adesão do Ocultismo no Século XIX
Enquanto estava sendo usada pelos judeus no século XIX, também houve adesão do símbolo pelos ocultistas da época, em especial o Eliphas Lévi e é aqui que este símbolo passa então a ter o significado que vemos em magia cerimonial nos dias de hoje.
O significado passou a ser este:
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| Hexagrama e Shaktona unidos |
O hexagrama passou a ter significado da união de espírito e matéria. Representava a partir de agora a união dos polos feminino e masculino, duas forças opostas que necessitavam uma da outra para que existisse o equilíbrio e harmonia universal.
O significado "original" hindu de Shiva e Shakti também foi mantido (Shaktona).
Inclusive este veio a se tornar o símbolo da magia cerimonial na época.
O simbolismo em magia cerimonial
No século XX a Ordem Hermética da Golden Dawn passou a combinar os significados mágicos lá da cabala judaica da idade média e unir ao simbolismo que Lévi já tinha trazido e reinterpretado.
A Golden Dawn também adicionou o hermetismo renascentista, se tornando um símbolo crucial para os magos e bruxas atualmente.
Foi por meio da Golden Dawn que criaram o ritual do hexagrama, as atribuições planetárias associadas pela Árvore da Vida. Logo mais irei explicar um pouco sobre o Ritual Menor do Hexagrama e o Ritual Maior do Hexagrama!
O Hexagrama Unicursal
Assim como o hexagrama tradicional (Estrela de Davi), que vimos anteriormente, ele simboliza a união das polaridades:
- O triângulo voltado para cima (Fogo, Espírito, Macrocosmo, o Divino).
- O triângulo voltado para baixo (Água, Matéria, Microcosmo, o Humano).
Ele representa o entrelaçamento e a harmonia perfeita entre o indivíduo (Microcosmo) e o Universo (Macrocosmo). No caminho da Magia, isso é crucial para a busca pelo autoconhecimento e pela união com o divino.
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| Hexagrama Unicursal de Crowley |
Assim como o hexagrama tradicional, é frequentemente usado em rituais de invocação e banimento dentro da Magia Cerimonial, como um símbolo de poder, proteção e manifestação.
Esse estilo de hexagrama ficou popular por causa de Crownley. Ele usava o hexagrama unicursal em seus próprios rituais.
Concluindo, o Hexagrama já tinha um viés esotérico pela cabala, mas no final do século XIX ganhou uma interpretação nova e mais complexa, associando a conceitos mais profundos dentro do ocultismo, o que fortaleceu ainda mais seu significado!
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📝 Postado por Gabi
Sou a fundadora deste cantinho especial chamado Grymora, desde 2020. Taróloga e bruxa natural apaixonada pelo mundo da escrita desde 2008.- 💌grymoraa@gmail.com
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